Histórias

O medo que virou prisão: crianças passam 4 anos isoladas por pais afetados por síndrome pós-COVID

Na cidade de Oviedo, um casal alemão foi preso após manter seus três filhos em isolamento extremo por quase quatro anos, mesmo após o fim das restrições da pandemia de COVID-19. As crianças — gêmeos de 8 anos e uma menina de 10 — viviam reclusas em condições insalubres, sem frequentar a escola ou ter contato com o mundo exterior.

A denúncia partiu de um vizinho, que estranhou o sumiço prolongado da família. A única movimentação observada era do pai, que saía eventualmente para buscar mantimentos. A polícia investigou silenciosamente por semanas antes de intervir.

Ao entrarem na residência, os agentes se depararam com um ambiente descrito como “aterrorizante”: lixo espalhado, máscaras cirúrgicas por toda parte e medicamentos acumulados. As crianças estavam usando várias máscaras — colocadas pela mãe minutos antes da chegada da polícia. Ela ainda alertou os oficiais: “Tenham cuidado, eles estão gravemente doentes”.

O casal, de 53 e 48 anos, agora responde por violência doméstica, abuso psicológico e abandono de incapazes. As autoridades seguem acompanhando o estado de saúde e o bem-estar das crianças.

A casa onde o casal teria mantido as crianças em cativeiro

Detalhes ainda mais estarrecedores vieram à tona durante o resgate das crianças em Oviedo. Ao serem levadas até o jardim, os irmãos demonstraram uma mistura de espanto e encantamento ao tocar na grama e observar um simples caracol — como se estivessem descobrindo a natureza pela primeira vez.

Um dos investigadores descreveu: “Elas respiravam fundo, como se nunca tivessem sentido o ar livre”.

Dentro da casa, os agentes encontraram um cenário igualmente perturbador. As crianças, mesmo com 8 e 10 anos, dormiam em berços improvisados. Os poucos brinquedos disponíveis eram bonecos e figuras monstruosas, desfiguradas, que causaram estranheza nos policiais.

A casa, sem ventilação e coberta de sujeira, foi classificada como um ambiente “patogênico”, ou seja, propício à proliferação de doenças.

Apesar de não apresentarem sinais de desnutrição, as crianças estavam imundas e com evidentes marcas de um isolamento social extremo.

“Não era só a ausência na escola. Elas estavam completamente desconectadas da realidade, sem qualquer vínculo com o mundo lá fora”, relatou um dos policiais.

As crianças dormiam em berços e usavam máscaras

As crianças dormiam em berços e usavam máscaras

Casal permanece preso sem direito a fiança após manter filhos em isolamento extremo na Espanha. Eles alegam sofrer de uma “síndrome pós-COVID”, o que, segundo as autoridades, pode ter desencadeado um comportamento obsessivo com medidas sanitárias.

No entanto, o chefe da polícia de Oviedo, Javier Lozano, foi enfático: “A pandemia afetou as pessoas de maneiras diferentes, mas nada justifica negar a crianças suas necessidades básicas”.

As três crianças foram levadas a um centro de acolhimento juvenil, onde estão sendo acompanhadas por profissionais de saúde física e mental. Testes preliminares descartaram qualquer doença grave — contrariando o argumento dos pais de que os filhos estariam “gravemente doentes”.

O caso ainda está em investigação, mas já reacendeu discussões sobre os efeitos psicológicos prolongados da pandemia e o risco de atitudes extremas disfarçadas de proteção.

A Justiça espanhola agora analisa a responsabilidade legal do casal, que poderá enfrentar penas severas, caso sejam condenados.

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